Tempo de Poesia: A ovelha perdida




Por Leônidas Almeida
A ovelha perdida

Pastor, onde está a ovelha tresmalhada
ferida como um pássaro
que caiu do ninho, que se ergue
num balido apertado entre os espinhos

a confusa ovelha que segue o luar
espargido no chão
na ilusão da água

Que pode fazer uma ovelha sem rebanho
que perdeu o norte ao céu
senão errar, que pode a simples
fazer sob as nuvens
que cruzam o sol, senão baixar
os seus olhos para a tristeza
sob o infinito breu

Envia o coração com os teus ombros
prontos a romperem com firmeza
pelos vales oblíquos, que esperas, Pastor,
o fim da noite larga? Não deixes
que a próxima manhã que espelha o sol
desça e acorde sequer uma janela
e sem rebanho encontre a tua ovelha.

Autor: J. T. Parreira

Música com: Stenio Marcius - "fim de tarde no portao"
 

Comentários