PAZ COM DEUS



Por Leônidas Almeida

Paz com Deus não se trata de um mero sentimento ou sensação positiva, mas é a paz que vem da nossa reconciliação com Deus por intermédio do sacrifício de Cristo por nós, isto significa que a barreira que nos separava de Deus foi removida, sendo Cristo o cordeiro perfeito de Deus dado por nós. Muitos Cristãos não entendem o verdadeiro significado do nascimento de Jesus (Natal) e muito menos da sua morte (Paixão). Dizem consigo mesmos em pensamento: “coitadinho, porque fizeram isto com ele”, sem compreender a conexão que temos todos em relação à morte de Cristo na cruz.

Quando pensei em criar este blog, não tive dúvida, “caminho da paz”, não é um tipo de sentimento, mas uma proposta de relacionamento direto com Cristo por meio da fé, isto não depende de nós, nosso estado moral, sentimental, ética pessoal, estado espiritual, sociocultural, isto é fé naquele que promoveu uma ponte, entre Deus e o Homem, reestabelecendo nossa comunicação com Deus ao sermos inteiramente aceitos em Cristo.

O escritor Charles Erdman explica que a “paz com Deus” denota relacionamento para com ele. Expressa perdão e aceitação e se contrasta com inimizade ou ira. Assinala a posição daqueles que outrora estavam debaixo de condenação, mas agora estão a gozar de plena medida do divino perdão e do divino favor.

Em geral todas as religiões buscam uma forma ou meio para reconciliar o homem com Deus, é comum em quase todas as religiões um tipo de sacrifício que um sacerdote tenha que realizar para que o homem tenha algum tipo de acesso ou favor do divino, são realizadas oferendas, sacrifícios de animais, algumas radicalizam em realizar até sacrifícios humanos, principalmente de crianças, por acreditar que estas sendo puras, teriam um poder suficiente para dar ao Divino o sacrifício a fim de apagar a culpa ou ser merecedor da “benção” divina. Outras acreditam que pelo sofrimento imposto ao Carma, contribua como uma forma de autopurificação, e neste processo o ser humano pode evoluir e se autopurificar, tendo assim acesso as entidades superiores.

No cristianismo o próprio Cristo foi o cordeiro de Deus, oferecido pelo próprio Deus, como único, perfeito, para tirar o pecado da humanidade e pela sua morte, fomos reconciliados com Deus e por isso  temos paz com Deus.

Qual o significado prático desta revelação para nossas vidas? Por muito tempo acreditei que para me aproximar de Deus era necessária muita preparação, ou seja, teria que me tornar uma espécie de Sadu, um cara meio esquisito, daqueles que dizem não para tudo que é bom neste mundo, chegando inclusive a própria negação de mim mesmo como pessoa humana, como se tudo de bom de alguma forma me impedia de me aproximar de Deus.

Certa vez, cheguei a ficar uma semana sem sair de casa me dedicando apenas a oração, à leitura repetitiva de diversos textos bíblicos, desmarquei todos os compromissos, evitei assistir televisão, ouvir música, falar com as pessoas, inclusive com familiares, enfim um isolamento total. Pensava eu comigo mesmo, depois de todo este sacrifício que estou fazendo, Deus lá de cima irá olhar para mim e dizer: Que rapaz bonzinho, este é o cara, vou lhe dar toda sorte de bênçãos espirituais e materiais, ele realmente é merecedor disto tudo, está se esforçando demais e por isso vou retribuí-lo.

Como resultado desta experiência, concluí que o fato de estar buscando a Deus foi positivo, pois Deus se agrada daqueles que o buscam, mas do ponto de vista de obter de Deus aquilo que tinha me colocado pelo simples fato de ter me empenhado, não surtiu nenhum tipo de efeito prático, pois todo aquele sacrifício da minha parte não me faria merecedor da graça de Deus, pela primeira vez entendi que o sacrifício de Cristo era suficiente e pela fé poderia ter livre acesso ao Pai e nele confiar as minhas necessidades.

Hoje concluo que grande parte das coisas que Deus me deu: bens materiais, casamento e filhas, pouco precisei insistir com Deus ou fazer determinado voto religioso, apenas lhe relatei em oração sobre tais necessidades. Passei a compreender o que Deus mais deseja de nós é o nosso coração, o resto é tudo perfumaria, pois ele prometeu para cada um de nós uma vida abundante e com propósito. Por outro lado reconheço que em relação às chamadas “disciplinas espirituais”, entre elas o 'jejum' é preciso que haja a necessidade de certo isolamento, porém este nunca deve ser visto como um tipo de sacrifício pessoal para receber determinada graça de Deus, pois se é graça, só pode ser de graça e não fruto de merecimento próprio.

Quanto ao Jejum vejo que é uma forma de desenvolver em nosso espírito o desejo pela busca a Deus, para comunhão íntima com o Pai em meio às diversas demandas que temos em nosso dia a dia e, portanto, se faz necessário nosso acolhimento para um local tranquilo onde podemos falar e ouvir a voz de Deus em nosso íntimo e também nos preparar para as batalhas no mundo espiritual e buscar avivamento para nossas vidas, mas isto é assunto para outro tema.

Esta paz com Deus, garantida pelo próprio Deus por meio da reconciliação entre nós e Ele só foi possível por meio do sacrifício dado pelo Cordeiro de Deus, esta é a própria manifestação do amor de Deus para conosco, pois a morte de um homem justo em favor dos pecadores é algo inconcebível, porém é a prova do amor de Deus em ação por nós, assim o auto sacrifício do filho é a prova do amor do Pai.

Cabe a nós somente confiar de que Deus se doou em Jesus Cristo por nós. Nossas dúvidas quanto ao futuro e nossos atos de justiça própria devem ser superados em nossa consciência, pois caso contrário estaremos criando atos religiosos insuficientes para que tenhamos a verdadeira paz com Deus.

Texto Fonte: Romanos Cap. 5. 1,2,9,10,11

Agora que fomos aceitos por Deus pela nossa fé nele, temos paz com ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo. Foi Cristo quem nos deu, por meio da nossa fé, esta vida na graça de Deus. E agora continuamos firmes nessa graça e nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus. E, agora que fomos aceitos por Deus por meio da morte de Cristo na cruz, é mais certo ainda que ficaremos livres, por meio dele, do castigo de Deus. Nós éramos inimigos de Deus, mas ele nos tornou seus amigos por meio da morte do seu Filho. E, agora que somos amigos de Deus, é mais certo ainda que seremos salvos pela vida de Cristo. E não somente isso, mas também nós nos alegramos por causa daquilo que Deus fez por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, que agora nos tornou amigos de Deus.




 
Vídeo: Grace – U2.  Esta música confirma que somente a graça poderá nos conduzir ao caminho da paz, contrapondo-se ao caminho do Carma que mantém a culpa.


Fontes Bibliográficas: Emil Brunner e Hernandes Dias Lopes sobre a Epístola aos Romanos.



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