Os propósitos de Deus na escassez

Por Joel Boa Sorte





        As pessoas em algum momento de suas vidas já passaram pela escassez. Ela não acontece apenas no campo material. A decadência profissional, as instabilidades do dia a dia, os danos, as enfermidades e o isolamento são apenas algumas das muitas faces da escassez que abate sobre o homem. Todavia, por trás de todas as manifestações de ausências está a pior revelação desse problema: a escassez emocional e espiritual.


        As Escrituras nos fornecem exemplos de homens e mulheres que mergulharam em situações de necessidades extremas.


        Abraão e Sara experimentaram a escassez de um filho, ou como muitos preferem dizer, de um herdeiro (Gênesis 17.1-6). Tudo que eles possuíam era uma expectativa do Senhor. Porém, o patriarca decidiu confiar que a promessa se cumpriria, em vez de concentrar-se na dificuldade, e viu sua escassez se transformar em abundância. Caso Abraão tivesse colocado Deus no canto da parede e exigido bruscamente a sua bênção, poderia ter ficado a ver navios, pois Deus não se deixa levar pela leviandade e lamúria dos homens. Quer a bênção? Então não lastime ou viva de autopiedade como um patinho feio, mas creia no Senhor e Ele materializará o desejo do seu coração.


        Jó também passou por momentos de adversidades. De repente uma devastação visitou sua vida e ele perdeu tudo. Perdeu bens, perdeu filhos, perdeu saúde. E agora quem poderia lhe ajudar? Sua esposa? Seus amigos? A esperança em Deus é o melhor remédio nas horas amargas da travessia pelo ermo. Em meio a tanta dor, Jó declarou: “Ainda que Deus me mate, nele esperarei; contudo, os meus caminhos defenderei diante dele (Jó 13.15)”. Mais adiante (38.1, 4-11) percebe-se que Jó entendeu o assunto. Deus não deve explicações a ninguém. Absolutamente nada. E mesmo que Deus tentasse explicar certas coisas para o ser humano ele não entenderia, não conseguiria naquele momento compreender. Eu costumo dizer que a matemática do homem é totalmente diferente da de Deus. Enquanto para o homem dois mais dois são quatro, para Deus pode ser quatrocentos. E daí? Quem pode discordar e dizer que não? Vale lembrar a passagem de Isaias 55. 8-9: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os seus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos”.


        Agora permita-me lembrar da escassez na vida de um profeta. Parece paradoxal um homem que, sem intermediários, ouve diretamente a Deus ter que passar por momentos de grandes necessidades. Pois assim aconteceu com Elias. Veja: “Vai-te daqui, e vira-te para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem. Foi, pois, e fez conforme a palavra do Senhor, porque foi e habitou junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã, como também pão e carne à noite; e bebia do ribeiro. E sucedeu que passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva na terra. (1 Reis 17. 3-7).”


        Vida difícil ao ar livre e céu aberto sujeito às feras da noite e o orvalho que caia pela madrugada perto de um riacho sem conforto e totalmente sozinho. Ali sem ninguém para conversar ele pensava em Deus. Não tinha cobertores macios e limpos nem ar condicionado. Não tinha TV, internet, doces, pipocas ou recursos de qualquer espécie.


        O pior na vida de Elias ainda estaria por vir:


       “Então veio a ele a palavra do SENHOR, dizendo: levanta-te, e vai a Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali uma mulher viúva que te sustente. Então, ele se levantou e se foi a Serepta; e, chegando à porta da cidade, eis que estava ali uma mulher viúva apanhando lenha; e ele a chamou e lhe disse: traze-me, agora, também um bocado de pão na tua mão. Porém ela disse: Vive o SENHOR, teu Deus, que nem um bolo tenho, senão somente um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija; e, vês, aqui, apanhei dois cavacos e vou prepará-lo para mim e para o meu filho, para que o comamos e morramos. E Elias lhe disse: Não temas; vai e faze conforme a tua palavra; porém faze disso primeiro para mim um bolo pequeno e traze-mo para fora; depois, farás para ti e para teu filho. Porque assim diz o Senhor, Deus de Israel: A farinha da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará, até ao dia em que o SENHOR dê chuva sobre a terra. E foi ela e fez conforme a palavra de Elias; e assim comeu ela, e ele, e a sua casa muitos dias. Da panela a farinha se não acabou, e da botija o azeite não faltou, conforme a palavra do SENHOR, que falara pelo ministério de Elias.


        Por que Deus trabalha assim? Não teria sido mais fácil ter enviado Elias para a casa de uma pessoa rica e com mais recursos que a viúva de Serepta? Mas Deus ordenou que o profeta buscasse abrigo numa casa humilde e pobre. Nem sempre no primeiro momento concordamos com o que nos é apresentado pelas circunstâncias da vida.


        Por que tenho que passar por essa cirurgia? Por que minha mãe vive com mal de alzheimer? Por que meu filho que tanto amo nasceu autista? São tantos porquês. Mas, quem somos nós para questionar os propósitos de Deus para nossas vidas? Todavia, nas conjunturas inversamente proporcionais Deus estar ali para trabalhar e moldar o nosso pequeno, e às vezes triste coração.


        Muitos hão de convir que a escassez  espiritual é a mais dolorosa, principalmente para aqueles que um dia já sentaram à mesa do Senhor e receberam dEle a sua paz e o seu amor. É angustiante contar apenas com aquilo que o dinheiro pode resolver, mas não ter meios para extinguir o vazio da falta de Deus. É de uma graça e leveza inconfundível poder em nossas vidas viver na presença suave e doce do Espírito de Deus.


        E assim, em meio à escassez e à perda perguntamos por que Deus não nos leva diretamente para o lugar da vitória, para o manancial das bênçãos, para onde as portas estão abertas, para o sucesso e para a prosperidade?


        Alguém pode dizer: “Tenho sido honesto, não sonego os impostos, trabalho na obra do Senhor, faço orações e não tenho inimigos. Por que então Deus não se lembrou de mim e me deu o que eu tanto desejava? Por que tenho que passar por este deserto, se Deus poderia resolver num piscar de olhos todos os meus problemas?


        Após experimentar três anos de escassez preditos por Elias, Acabe viu o cumprimento da palavra profética ao testemunhar o derramamento de intensas chuvas.


       E sucedeu que, à sétima vez, disse: Eis aqui uma pequena nuvem, como a mão de um homem, subindo do mar. Então, disse ele: Sobe e dize a Acabe: Aparelha o teu carro e desce, para que a chuva te não apanhe. (1 Reis 18.44).


        De nada adianta deixar-se dominar pela emoção, chorar e demonstrar sua necessidade de forma aparente. Buscar Deus intensamente é a chave para abrir a porta da escassez. Então, verá o que Deus fará em sua vida. Verá como Deus libertará você de tudo que o prende e destrói. Deus mudará o rumo das coisas e virá um tempo novo, basta que experimente viver em Cristo e para Cristo. Ele transformará a escassez em vida, em bênção, em fartura.


        Jesus disse: Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância (João 10.10).


A nossa oração é que o Senhor venha com sua graça sobre te nestes momentos difíceis, e que o seu poder se aperfeiçoe em nossa fraqueza. Agora ouça esta linda canção de Stênius Marcius, "A minha graça te basta"


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