Uma vida à prova das adversidades

Por Joel Boa Sorte



       Pois será como a árvore plantada junto às correntes de águas... (Salmos 1.3).
       Coisas extravagantes aguçam nossa curiosidade e é natural querer saber dos detalhes. Assim é a impressionante trajetória das sequoias que podem durar anos, aliás, bem mais do que isso, durar séculos. No Colorado (EUA) ainda se pode achar esses gigantes em formato de pinheiros que facilmente chegam a 100 metros de altura e embora sendo atingidos por relâmpagos, ameaçados por incêndios, lacerados por vespas e castigados por inúmeras tempestades de neves – eles continuam lá – firmes e imbatíveis. Nem os longos anos de seca conseguem vencer esses monstros sagrados.
       Essa árvore possui definitivamente o espírito da resiliência dentro de si, pois, mesmo passando por inúmeros incêndios consegue sobreviver, porque a sua casca é muito resistente.
       Quando somos provados pelas calamidades, em regra nos encontramos fragilizados. Nesses momentos de amarguras costumamos perguntar: Por que isso agora? Por que isso está acontecendo?
       Quem está livre de problemas? Não existe ninguém imune às dificuldades da vida. A realidade é que todos nós enfrentamos incêndios e momentos de prova. As provações mostram de que somos feitos – elas revelam as intenções do nosso coração, da nossa fé, e também da nossa maturidade.
       Os incêndios nos bosques onde as sequoias estão presentes, na verdade produzem resultados favoráveis: quando o fruto é atingido pelo fogo, ele seca inteiramente, abre depois e libera suas sementes. Quem entende do assunto afirma que cada fruto pode ter até duzentas sementes. Silenciosamente, o vento transporta essas sementes e as deposita no solo. Então, a vida surge da morte e aquele fogo algoz resulta em bênção, em um novo nascimento.
       A propósito, às vezes nos perguntamos como viver uma vida que pode superar incêndios e produzir frutos? O Senhor Jesus, na parábola do semeador, traz grandes verdades sobre como colocar a vida às provas que aparecem em nossas vidas.
       Exceto os novos na fé cristã todos conhecem a parábola do semeador que está registrada em Mateus 13, 3-9. Lá Jesus figura como semeador, a palavra representa a semente e o terreno é o nosso coração. Reconhecemos que não existe problema algum com o semeador ou com a semente. A dificuldade está no solo, ou seja, no nosso coração. Por vezes, permitimos que as circunstâncias nos impeçam de produzir frutos e crescer em Deus.
       Observe que nesta alegoria do semeador, bem mais da metade das sementes não produzem frutos duráveis. Grande parte das sementes cai em solo que não foi lavrado. As poucas sementes que produzem frutos são aquelas semeadas em terreno apropriado. Se o nosso coração não estiver cultivado e pronto para receber a semente, iremos fracassar quando as tribulações da vida chegarem.
       Quando as implacáveis labaredas atingem as encostas dos outeiros, raramente as imensas sequoias são destruídas. Elas permanecem firmes. Enquanto outras árvores menos resistentes são devastadas pelas chamas, a sequoia produziu por décadas, múltiplas camadas de casca a fim de se proteger para a prova do fogo.
       No interior da casca da sequoia existe uma substância chamada tanino (polpa que se extrai da casca das árvores) que age como retardador natural, neutralizando as chamas que penetram na árvore. Isso nos lembra do escudo da fé, com o qual podemos apagar todos os dardos inflamados que o maligno atira sobre nós.
       O fogo ataca apenas a parte baixa da sequoia. Devido sua altura excepcional, a copa permanece acima das chamas. A copa da sequoia se estica constantemente para buscar a luz do sol e dar vida a cada célula. No entanto, essa altura acaba trazendo problemas. Esses arvoredos gigantes têm cicatrizes causadas por centenas de relâmpagos, como sinal de sua luta para sobreviver.
       Esses relampejos são descarregados sem clemência e caem como ataques de fúria da mãe natureza sobre as árvores que destacam sobre as demais. Às vezes levam anos para uma sequoia se recuperar do sofrimento.
       Tem buscado a Deus de forma intensa, por isso cresceu na graça e no conhecimento. Suas orações são colossais e a marca do triunfo tem sido uma constante em sua vida. Possui uma fé capaz de estilhaçar os muros de Jericó. É uma bênção em tudo que faz e está sempre acima da mediocridade, razão pela qual parece isento às rajadas do inimigo. Mas, por mais que esteja próximo de uma vida santa e consagrada querer uma trajetória acima das vicissitudes e reveses é irreal. O deus deste século, satanás, de volta e meia aparece estrategicamente para destruir a fé, a esperança e o amor desse guerreiro de Deus. Muitas pessoas têm sido machucadas, feridas e queimadas pela vida. As cicatrizes são profundas. Somos frequentemente pegos de surpresa por algo que nos faz sentir a dor causada pelo o teste do fogo.
       O segredo da vitória é aprender a depender do poder do Espírito Santo. Ter uma vida à prova dos ataques depende de estarmos equipados para o embate. Não foi em vão a posição de Paulo sobre as armaduras de Deus em Efésios 6.10-21.
       Outro inimigo bem conhecido pela estratégia de ataque às sequoias só ataca quando o fogo fragiliza a casca da árvore. Os marimbondos perfuram o cerne do tronco e se alimenta de insetos que vivem lá dentro. A vespa do fogo tenta, então, penetrar no coração da árvore e depositar larvas mortíferas nas camadas internas.
       Existem pessoas que parecem estar em uma guerra constante. Elas não têm intervalos de calmaria. Assim que vencem uma batalha, outra batalha ameaça se levantar. Ventanias e mais ventanias de más notícias atacaram o patriarca Jó. Ele nunca soube entender os porquês. Como Jó muitas vezes estamos inocentes às confrontações entre Deus e o diabo.
       As imensas sequoias não são deformadas pelas condições climáticas desfavoráveis. Os ventos mais fortes servem para fortificá-las ao invés de abatê-las. Como príncipes e herdeiros de Cristo, podemos permanecer de pé durante as tempestades da vida, mesma que elas soprem forte.
       Uma vida com Cristo não nos livra das dificuldades da vida. As provas virão. Precisa estar preparado para viver situações adversas. As vespas, os relâmpagos e também o inverno rigoroso com névoa grossa por meses sussurrarão em seus ouvidos dizendo que servir a Deus não vale à pena. Permaneça em pé. Não olhe para o Egito e jamais deseje voltar aos tempos da escravidão. Não ceda, pois você já chegou muito longe para desistir agora.
       Quando a sequoia é velha – depois de ser atingida por relâmpagos, ameaçada por incêndios, picada por vespas e castigada por inúmeras tempestades de neve – ela permanece erguida diante de todas as outras árvores, com uma beleza peculiar e majestosa. A sequoia possui uma longevidade maior que as demais árvores da floresta. Há espécies de pinheiros e cedros que envelhecem em duzentos, quatrocentos ou quinhentos anos, mas a majestosa sequoia que cresce ao lado das demais espécies ainda está na flor da idade. A sequoia não alcança sua beleza e juventude total antes de 1500 anos, e não envelhece antes de 3000 anos. Por milênios, independente do que ela enfrente, as sequoias triunfam acima das tempestades, dos incêndios e do tempo, frutífera e bela, provendo alimento e sombra às muitas criaturas dependentes de sua generosidade.

O profeta Isaias, que viveu experiências incríveis por vaticinar a vinda messiânica à Terra, nos deixou uma mensagem impressionante para enfrentar com altivez as possíveis tempestades, provações, incêndios e calamidades que certamente apareceriam em nosso caminho: “Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e não se fatigarão.” (Isaias 40.31).

     

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