A Dureza do Deserto
Por Joel Boa Sorte
O sol fere a pele. Os espinhos estão por cima da areia. Horizontes parecem pertos, mas nunca conseguimos alcançá-los. As rochas com arestas afinadíssimas para cortar os pés que estão desprotegidos. O solo é muito quente e totalmente rachado.
Assim é o ambiente do deserto. Um lugar de aflições.
Por algum tempo, mais precisamente por quarenta dias, Jesus foi levado pelo o Espírito a uma região de lagartos, escorpiões, cobras e crocodilos. Ele afastou da companhia dos amigos e da comida e passou por uma experiência apurada e estressante. (Lc 4. 1,2).
Meus caros vocês não precisam viajar para o norte da África onde fica localizado o Saara para passar o mesmo que Jesus passou no deserto de Israel; nem tão pouco ir à China ou a Mongólia para experimentar as excentricidades do grande deserto Gobi. Daqui mesmo contemplamos os vales da solidão, a morte de um filho, o casamento que não deu certo, a quimioterapia para combater a agressividade de um câncer, a cadeia com excesso de presos, os moribundos dos asilos, a velha dívida que nunca se vai ou acaba. Também a escassez da graça e da esperança nos corações sem paz e sem Deus.
Como você sabe quando está passando por um deserto? Parece simples, mas é quando você está sozinho, seja nos fatos ou nos sentimentos e ninguém, nem os pais, nem o cônjuge, nem o pastor, nem o melhor amigo pode ajudar, pode entender ou resgatar.
E a luta parece não ter fim. Esse número ‘quarenta’ às vezes nos arrepia só de pensar nele. Noé encarou a chuva durante quarenta dias. Moisés esteve no deserto por quarenta anos e Jesus enfrentou também a quarentena da fome, da angústia, das orações longas e curtas e especialmente das tentações.
Estou nos meus quarenta anos de vida! Graças a Deus por isso. Todavia, peço ao bom Pai das luzes que os próximos quarenta sejam mais amenos, mais tolerentes, mais amáveis, mais perdoador. Que as experiências do ontem sirvam para que eu possa viver mais feliz comigo mesmo e com os que estão à minha volta.
Mas voltando aos desertos da vida, muitos podem perguntar: Por que Jesus foi ao deserto? Tinha lá essa necessidade?
O segundo Adão veio para alcançar a vitória onde o primeiro fracassou. Jesus, todavia, enfrenta uma prova muito mais rigorosa. Adão foi testado nas delícias de um jardim; Cristo está num terreno completamente destruído. Adão estava saciado; Cristo com fome. Adão tinha Eva por companhia; Cristo estava só.
Durante quarenta dias Cristo fica cara a cara com seu principal inimigo. O Filho de Deus é tentado, mas não cede; é provocado, mas não vacila. Ele vence onde Adão fracassou. Essa vitória nos leva a esse lindo versículo: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação da vida” (Rm 5.18).
E com todos aconteceu a mesma coisa. Observe, não tínhamos condições alguma de enfrentar Satanás. Jesus sabe disso. Então, Ele vestiu a nossa camisa. E, por isso, hoje somos mais do que vencedores em cristo Jesus.
Agora é só confiarmos na Palavra dEle. Não confiemos em nossas próprias emoções. No deserto, ouça somente a voz de Deus. Agüente firme. O seu tempo no deserto vai passar. Não importa se você está apenas no início, ou no meio da tempestade; o que importa mesmo é que Deus conhece completamente as suas batalhas e lhe dará sabedoria e força suficientes para enfrentar o adversário.
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