Jesus, o politicamente correto?



Por Leônidas Almeida 

          Infelizmente como fazem alguns políticos, líderes religiosos aderiram à fórmula do politicamente correto. Querem agradar a todos, não se posicionam, são dissimulados, suas palavras mudam conforme a platéia. Em geral aderem ao discurso da moda, suas mensagens são direcionadas para agradar a todas as cabeças, por isso é muito comum às promessas de campanha não se cumprirem ao longo do mandato, e o pior, quando em exercício fazem justamente ao contrário do que disseram. Contrapondo-se esta sociedade midiática, o escritor Augusto Cury, relata que um grande mestre ao ser ovacionado pela mídia numa entrevista o mesmo a confronta dizendo: ”Sociedade débil que amas a imagem, mas não o pensar! Que valoriza a embalagem, mas não a mensagem! O que te atrai que não te trai! O Mel que te farta é o veneno que te mata!”
          Isto tem gerado um forte descontentamento e enfraquecimento da credibilidade das instituições, Analistas políticos dizem que infelizmente já não existem programas partidários de direita, centro ou esquerda, como dizia o síndico Tim Maia “Tudo é tudo e nada é nada”, ou seja, “Vale tudo”, o importante é agradar o máximo de pessoas possíveis.
         No campo religioso também não é diferente, igrejas devida à perda de fiéis para as novas Igrejas/Comunidades, tem abandonado a sã doutrina e embarcado nas aventuras das ideologias da prosperidade e do apego ao materialismo como forma de testemunho de uma vida abençoada. Um amigo chegou a dizer que foi num casamento e o Pastor que dirigia a cerimônia chegou a pedir a todos que estavam presentes naquele local, para que abrissem ás mãos, pois seriam “abençoados” com um carro zerinho naquele momento. Esta proposta gerou certo desconforto nos convidados que não comungavam daquela linha teológica, pois certamente o mais adequado para ocasião fosse uma oração pela renovação dos laços de amor pelo exercício do perdão mútuo entre os casais e convidados.
                   Porém ao vermos o ministério de Jesus, observamos que sua ação era justamente ao contrário, seu compromisso sempre foi com a verdade, custe o que custar e doe a quem doer, inclusive com seus próprios discípulos, seus amigos e seguidores mais próximos: “Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido. À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele. Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?” Jô 6.60-66.
         Em outra ocasião Jesus confrontou os religiosos que tinha esta atitude hipócrita de se apresentarem de uma forma, mas agirem de outra completamente diferente. Aqui Jesus critica aqueles que achavam que pelo simples fato de dar o dízimo teria o cartão verde para continuar numa vida egoísta e materialista sem nenhum compromisso com o próximo, bem como as virtudes do Reino de Deus: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas! Mt.23.23.
         Esta forma anti-publicitária de Jesus é radicalizada quando envia seus discípulos para pregar o evangelho (Mc 6:7-13), sua ação foi simples: separa por grupos de dois em dois, não deveriam estar apoiados em  qualquer tipo de recursos financeiros, mas contar com a boa vontade das pessoas para recebe-los, e caso não fosse ouvidos ou recebidos em determinada cidade, não deviam insistir, mas simplesmente ir embora e na saída, sacudirem o pó das sandálias, como sinal de protesto, isto é simplesmente dizer: “Fui”, agora é com vocês no dia do Juízo final, comparando a incredulidade destas cidades com as cidades em situação pior que as tidas como depravadas tais como Sodoma e Gomorra. Concordo que para nós é difícil entender esta ação de Jesus, pois vivemos num mundo dominado pela mídia e pelo marketing, grandes somas de dinheiro têm sido alocadas para este segmento, as recentes denúncias de corrupção, muitas delas estão estritamente ligadas aos gastos de campanha. Hoje alguns iluminados já propõem que estes gastos sejam feitos com recursos públicos, será que assim resolveriam os problemas ligados aos atos de corrupção?
         Tomando ainda outro exemplo de Jesus, que hoje talvez fosse taxado em muitas congregações como uma pessoa intolerante e insensível, pelo simples fato ter confrontado as reais motivações de um jovem rico, que se apresentou alegremente para segui-lo, sem fazer uma avaliação mais profundo acerca dos seus ensinamentos e das conseqüências que tais escolhas poderiam resultar na sua vida. Jesus aquela altura era visto como uma celebridade, um super-star, e por isso pegava muito bem para qualquer pessoa fazer um tipo de estágio com aquela liderança carismática, ou seja, um ótimo currículo futuro, um NBA com o mestre dos mestres, e de graça, ensino com imersão total, valia a pena para quem pretendesse almejar outras carreiras na vida pública. Porém Jesus que conhece o coração e as verdadeiras intenções humanas despejou um balde de água fria no rapaz candidato a treinne de discípulo, quando lhe ponderou:Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me. Tendo, porém, o jovem ouvido esta palavra, retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades”. Mt 19.21-22. 
         Hoje esta atitude de Jesus é inconcebível na racionalidade humana. Muitas Igrejas e Partidos Políticos trataria aquele jovem de forma totalmente diferente, seria recebido com tapete vermelho e ainda ganharia um cartão especial “VIP” e assim que iniciasse o estágio já seria promovido, e ao término com certeza se tornaria um membro com acento permanente, conduzido a um upgrade e cargo de Liderança Sênior, caso se o jovem mancebo mostrasse ter boa vontade com a instituição e não aos pobres. Se continuar falando das diversas vezes que Jesus foi “aparentemente intolerante”,pelo simples fato de dizer a verdade, este texto não terminaria aqui e teria que escrever um livro.  OBS: Aceito sugestões para o Título. Ex: Jesus o radical dos radicais, Jesus o anti-marketing político, Jesus..........(o resto é com vcs)
                   Portanto cuidado com os líderes com palavras agradáveis dos púlpitos, que soam bem aos ouvidos, que não confrontam sua vida e muito menos te desafia a ter uma vida em santificação, que consiste na livre decisão de se auto despojar dos valores deste mundo e seguir um caminho em novidade de vida, que apesar das nossas deficiências, estaremos seguindo mais próximo do alvo que Deus planejou para cada um de nós.
         Finalizo com as palavras de Jesus ao ter sido vítima de uma pegadinha dos religiosos da sua época que lhe pediu que decidisse a respeito de uma mulher pega em flagrante de adultério, pois naqueles tempos, bem como em alguns países ainda hoje era penalizada com apedrejamento até a morte. Jesus após ter acolhido a mulher, expondo os pecados dos seus acusadores lhe recomendou dizendo: “vai e não peques mais”. Enfim, ao mesmo tempo em que acolheu e a amou, também a confrontou para uma vida nova em santificação, pois Jesus sabe que o ser humano é incondicionado e estar livre para fazer suas próprias escolhas, e aquela mulher apesar de ter sido perdoada, devia também se posicionar a respeito do rumo que deveria tomar para sua vida.

Vídeo: João Alexandre, "Em nome da Justiça", para mim alguém que soube unir a vida espiritual a ética no contexto da igreja e na sociedade.




AGORA UM DESABAFO DE "Ed René Kivitz" DAS ADULTERAÇÕES DO EVANGELHO














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