AMAS-ME?

Por Joel Boa Sorte


O pequeno grupo assentado ao redor do fogo, na praia do mar da Galileia, olhou depressa para quem falava. Ele fitava os olhos em uma só pessoa, esperando a resposta. Era bem cedo ainda e os primeiros raios de sol daquela manhã despertavam a escuridão da noite. Não se ouvia algo mais do que o barulho das ondas da praia que quebrava o silêncio daquele dia que estava apenas começando.
Durante toda aquela longa noite os homens lançaram as suas redes e o resultado foi desanimador. Ao amanhecer apareceu na praia uma figura misteriosa. A fadiga e o cansaço deram lugar ao medo. Então aqueles homens esfregando os olhos, finalmente, reconheceram aquela pessoa que até então parecia um fantasma.
- É o Senhor!
No mesmo instante Pedro, com seu coração ainda cheio de remorsos e de uma devoção quase sobrenatural, jogou-se nas águas, e com os esforços de seus grandes braços nadou até à praia. Os outros que ali estavam fizeram o mesmo. A rede foi recolhida. As brasas ardiam, e os peixes assavam. Nenhuma palavra foi dita até que o próprio Mestre fez um simples convite: “Vinde e comei”.
Sentaram-se e alimentaram-se. O silêncio parecia tão forte que daria para apalpá-lo. Temor e reverência faziam com que ficassem calados. E de repente, Jesus quebra o protocolo com as palavras:
- Amas-me?
O Senhor se dirige ao grande e impulsivo Pedro. É isso mesmo: Se dirige àquele discípulo que tão recentemente o negara, aquele que saiu e chorou amargamente.
- Simão, filho de Jonas, amas-me?
O Senhor está procurando o amor verdadeiro, amor sublime e não o amor emocional. Mas Pedro não confia em si mesmo. Falhou uma vez; poderia falhar de novo. Portanto, com medo de fazer confissão mais nobre, Pedro usou o mero amor emocional:
- Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo.
Outra vez é feita a mesma pergunta. A resposta também é a mesma. Então o Mestre aceita as palavras de Pedro, compreendendo que o discípulo não estava disposto a confessar o amor que Ele desejava, e pela terceira vez pergunta:
- Simão, filho de Jonas, tu me amas?
Pedro, o grande e nobre Pedro, com seu coração quebrantado, por grande tristeza, abriu os lábios e seguramente falou:
- Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo.
Dia após dia, ao longo dos séculos, Jesus Cristo tem chamado homens e mulheres ao seu encontro, não pela força, nem pelo medo, mas pelo amor.
Milhares hoje em dia são membros ativos de igrejas, trabalhadores esplêndidos, mas não têm amor pessoal com o Senhor Jesus Cristo. Formas e cerimônias não são suficientes. Multidões estão certas nas cabeças, mas erradas no coração. A questão não é se é certo ou errado participar de diversões ou situações duvidosas, mas amá-Lo de todo coração, sem reservas. Assim, não haverá lugar para o pecado e nem tão pouco lugar para o mundo.
Paulo deve ter compreendido isso quando escreveu: “... e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria”.
Você ama a Jesus com toda a alma e de coração? Se você o ama buscará agradá-Lo. Se você o ama estará satisfeito plenamente com ele, e somente com Ele. Você se alimentará dEle, habitará com Ele, permanecerá nEle, o amará de todo seu coração.
Se Jesus Cristo aparecesse em nosso meio hoje, e pessoalmente nos perguntasse: Tu me amas?
Então, qual seria a nossa resposta? Como responderíamos a Ele? Como seríamos analisados?  Será que fugiríamos às suas perguntas? Ou será que olharíamos bem nos olhos de Jesus e com uma convicção absoluta responderíamos assim como Pedro: “Senhor Tu sabes de todas as coisas, tu sabes que eu te amo”.
Se a resposta for igual à de Pedro, o Senhor certamente responderia para cada um de nós: Então, prova-me. Prove não apenas de lábios, mas ame quem está do teu lado como amas a ti mesmo. Ele olharia para nós com aquele olhar de amor e diria: Não esqueça também de apascentar minhas ovelhas.


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