Via-crúcis - Uma proposta de caminhada misteriosa.
"Quero te
dar compreensão e te mostrar o caminho em que deves andar" - fala o Senhor
pela boca do salmista (Sl.32.8)
As
coisas não têm de ir de acordo com a tua compreensão, pois a superam. Mergulha
na incompreensão, assim te dou a minha compreensão. Não saber aonde vais, isto
é o verdadeiro saber aonde vais.
Assim
saiu Abraão de sua terra natal e não sabia para onde iria. Ele se entregou ao
meu saber e se despojou de seu saber e seguiu o caminho correto para o destino
correto.
Vê,
esse é o caminho da cruz, o qual não podes encontrar, mas eu tenho de
conduzir-te como a um cego.
Por
isso não tu, não uma pessoa humana, não uma criatura, mas eu, eu mesmo quero te
indicar o caminho em que deves andar através de meu Espírito e da minha
Palavra.
Não
a obra que tu escolhes, não o sofrimento que tu imaginas, mas aquilo que te
sobrevém contra tua escolha, imaginação, desejo - por ali segue, ali eu chamo,
ali sê discípulo, ali é a hora, ali teu mestre chegou, ali não sejas um cavalo
ou um animal irracional. Segue-me e te abandona a ti mesmo.
Autor: Martim Lutero.
Comentário:
Fico
admirado ao observar um cego caminhar com o auxílio de sua bengala pela região
central de uma grande cidade em hora de grande movimento. Cegos desenvolvem
muito seus outros sentidos, têm grande senso de orientação; sei disso, mas não
é o que me impressiona.
Admiro
a ousadia, o desprendimento, a superação para lançar-se por um caminho que
próprio, com a visão perfeita, temo em trilhar.
Nossa
visão e compreensão de seres humanos são anuladas no caminho da cruz. Ficamos
desorientados, nossa visão fica obscurecida e nada encontramos em nós mesmos que
indique a direção correta. Carecemos de orientação pelo Espírito e pela
Palavra. Para seguir o caminho é preciso abandonar-se e a si mesmo.
Bem o expressou Antonio Machado,
poeta espanhol:"
Caminhante, são tuas pegadas
o caminho, e nada mais.
Caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar" (*)
Concluindo:
"Desta
forma entendo o porquê todas vezes que resolvemos trilhar nosso próprio caminho,
como bem enfatizou Drumond, sempre haverá uma pedra. A pedra pode ser um sinal que precisamos
reavaliar nossa caminhada, talvez haja necessidade de repousarmos numa estação
e buscar as águas que refrigeram nossa vida espiritual e assim prosseguir no
sentido de encontrarmos nosso verdadeiro "eu", muitas vezes paralisado,
pelo engano das ilusões criadas pela vaidade, medo, orgulho e prazeres
transitórios do pecado.
Enfim
precisamos nos libertar de nossas amarras e despojarmos de todo peso e continuar
para o verdadeiro caminho revelado pela estrela de Belém, o caminho que nos
leva ao Cristo, e assim nos encontrarmos a nós mesmos como viajantes livres".
Por Teol. Leônidas Almeida
Confira a Banda LEELAND no Brasil - Lagoinha
(*)
Notas bibliográficas
Martim Lutero, discípulo, testemunha,
reformador: meditações de Ricardo W Rieth sobre textos de Martim Lutero. São
Leopoldo: Sinodal, 2007
Comentários
Postar um comentário
Seja bem-vindo e faça suas considerações.