Pela lei ou pelo amor?
Por Joel Boa Sorte
Os israelitas aprenderam a respeito
de sua fraqueza quando receberam os Dez Mandamentos. A princípio, eles acharam
que seria bom saber exatamente o que fazer para deixar Deus feliz. Tudo que
precisavam fazer era obedecer às regras, guardar as leis do Senhor. Todavia,
logo descobriram que conseguiam obedecer a algumas leis, porém não todas.
Eles
conseguiam não matar, mas não conseguiam não cobiçar as coisas alheias. Era
possível não cometerem adultério, mas muito difícil abandonar a luxúria.
Deus
sabia desde o início que os israelitas não conseguiriam cumprir os mandamentos
sem Sua ajuda. Deus sabia que eles falhariam. O propósito da lei era mostrar
aos israelitas que eles precisavam de um Salvador. Eles nunca se tornariam bons
o suficiente pelo o padrão divino. Deus exige perfeição. A lei do Antigo
Testamento tinha o objetivo de demonstrar ao ser humano sua total inabilidade
para ser perfeito.
Ainda
hoje temos um desejo imenso por leis e leis. Compreendemos que Deus é perfeito
e exige de nós uma perfeição que não somos capazes de atingir. Todavia, apesar
de sabermos também disso, prendemos a nós mesmos em nossa lista de regras.
Talvez
sua lista seja parecida com esta:
1) Ler a Bíblia todos os dias (no mínimo 30 minutos);
2) Orar todos os dias (no mínimo 30
minutos);
3) Filiar-se a uma igreja;
4) Batizar-se;
5) Participar de organizações da igreja;
6) Parar de beber;
7) Parar de fumar;
8) Parar de xingar;
9) Contribuir financeiramente com a igreja e
outras organizações cristãs;
10)
Comer menos chocolate;
11)
Memorizar (no mínimo) cinco versículos da Bíblia por semana;
12)
Nunca criticar alguém ou fazer fofoca.
Talvez
agora, você tenha reparado o que estava fazendo e tenha começado a pensar:
“Essa é uma lista bem longa, mas acho que consigo fazer tudo (com exceção do
chocolate). Tudo do que preciso é disciplina e determinação”.
O engano da disciplina legalista
Se
você está pensando assim, já caiu na armadilha do esforço próprio e da
automotivação. Isso é não confiar o suficiente em Deus para deixar que Ele faça
o que é preciso. Você está tentando cumprir um programa cuja ênfase é a
confiança em si mesmo. Você está planejando seguir as regras e contando com sua
disciplina pessoal para vencer.
A
disciplina legalista está relacionada com a obrigação. Tem a ver com fazer as
coisas da forma correta. Quando nossa vida é governada pela obrigação, perdemos
rapidamente o desejo de falar com Deus, de alegrarmo-nos pelo que Ele fez por
nós. Paramos de confiar em Deus o suficiente para deixarmos que Ele faça o que
é necessário.
Durante
aquele momento da leitura bíblica, da oração e da memorização das Escrituras, a
disciplina legalista deixa-nos ocupados demais com o relógio para nos
alegrarmos com a nossa nova vida cristã.
O
que torna o engano da disciplina legalista tão ardiloso é que ela parece boa.
Não há algo errado com aquela lista de regras. Na verdade, há regras que
podemos considerar seguir. O problema não está na regra em si, mas sim na forma
que vamos escolher para obedecê-la: se vamos obedecer por obrigação ou por amor
a Deus. Se for por obrigação, mais cedo ou mais tarde vamos cansar-nos de
obedecer. Cedo ou tarde nossa bem intencionada disciplina irá conduzir-nos à
derrota. E por quê? Porque apenas por nós mesmos somos fracos.
Uma vida baseada no amor
A
maneira certa de viver nossa nova vida em Cristo é baseá-la no amor que
sentimos por Deus, e não em nossa obrigação de obedecer-lhe.
Jesus
disse em João 14.15b: Se vocês me amam, obedeçam aos meus mandamentos. Não há
ameaça na declaração que Jesus fez. O que existe é o entendimento de que o amor
produzirá em nós o desejo de obedecer ao Senhor.
Deus
sabe que nos atrapalharemos. O certo mesmo é não esconder seus segredos de Deus
para, depois, afundar-se neles e ficar pensando que suas atitudes servem de
base para a atitude de Deus em relação a você. Na verdade, é impossível
esconder qualquer coisa do Senhor.
Observe
que nosso amor a Deus e nossa gratidão por Ele nos ter chamado da morte para a
vida inspira em nós uma vontade genuína de ler a Bíblia, falar com Ele por meio
da oração e memorizar versículos que funcionam como baterias portáteis para
abastecer nossas necessidades diárias. Porque nós o amamos, desejamos
participar de uma igreja, contribuir financeiramente para a causa cristã e
afastar-nos de comportamentos que produzam maus hábitos. Esses desejos surgem
em função do amor, não da obrigação.
O
amor de Deus é a chave para confiarmos o suficiente em Deus a ponto de deixar
que Ele faça. Mas fazer o que? Tudo! Absolutamente tudo!
A
alegria de corresponder ao amor que Deus tem por nós vem por meio da parceria
que Ele oferece para vencermos nossas dificuldades. Não estamos sozinhos ao
enfrentá-las. Sua amizade provê força e sabedoria, e leva-nos a abster-nos
daquelas questões que ameaçam destruir-nos.
No
amor que temos por Ele e pela confiança que depositamos nele, recebemos de Suas
mãos tudo que não temos ou não somos. Isso é o que significa deixar que Ele faça. Deus nos convida a
parar de correr na esteira do esforço próprio e do legalismo.
Texto extraído da obra Conte-me Tudo
de Marilyn Meberg.
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