A ilusão das obras e a salvação
Por Leônidas Almeida
Muitos me dirão naquele dia:Senhor,
Senhor, não profetizamos nós em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e
não realizamos muitos milagres? Então eu lhes direi claramente: ‘Nunca os
conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal! ’Mt 7.22-23
Este é um texto bastante difícil de
absorvê-lo, pois vivemos numa sociedade dos resultados, da maximização do
lucro, que cultua o exterior, do sensacionalismo e do show. Enfim não basta
apenas ser precisamos aparecer, custa o
que custar, veja os gastos dos governos e das organizações com a publicidade. Quanto
mais criarmos formulas de exibicionismos, mesmo que em nome de Jesus,
realizando obras e eventos grandiosos, pois certamente visamos algum tipo de reconhecimento público. Neste contexto,
esta advertência de Jesus, soa como um balde de água fria em relação aqueles
que fazem a escolha pelo show, no entanto
o texto chega a repreender duramente a todos que trilham por este caminho.
O próprio Jesus sempre optou pela discrição
"quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua
direita" Mt 6.3. O Ap. Paulo chegou a dizer que poderia possuir a fé que
transporta os montes, o conhecimento da ciência ou até mesmo chegando ao limite
de dar sua própria vida, porém sem amor nada disto adiantaria. Paulo resiste a
qualquer tipo de êxtase, como o falar em línguas, quando refere ao dons do
Espírito bem como outros carismas, caso estes dons não estão sujeitos ao agape.
Como enfatiza o Teol. Paul Tillich, no
hino do agape, em ICo 13, a estrutura do imperativo moral e o êxtase da
Presença Espiritual estão completamente unidos. Assim o "estar em Cristo" ou ser
Cristão não sugere apenas uma empatia psicológica com Jesus Cristo, mas uma
participação no Cristo em comunhão pelo Espírito, através do qual se vive na
esfera deste poder Espiritual, mostrando a necessidade da conexão continua do
uso dos dons com a presença Espiritual, pois caso contrário, "esta experiência apenas produz caos e
destrói a comunidade, assim a Igreja deve impedir a confusão entre êxtase e
caos"
Mas não seria muito radicalismo? Qual o
problema de realizar as obras de Deus? Qual o problema de ajudar ao próximo?
Qual o problema de divulgar nosso ministério? O problema não esta relacionado
com a realização das obras, pois se não fosse assim as Escrituras estaria em
contradição, onde o próprio Jesus ordenou: "Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem
os demônios. Vocês receberam de graça; dêem também de graça" Mt 10.8.
Olhem outra advertência aqui, relacionar os meios de graça como forma de
obtenção de ganhos financeiros, mas isto é para outra oportunidade.
A questão também não esta relacionada com
a comunicação, pois somos comissionados a anunciar o evangelho em todo o mundo.
Então onde está a raiz do problema aqui levantado pelo Senhor? O que devemos
refletir aqui é tentar fazer qualquer tipo de relação direta no sentido de
concluir que o nosso relacionamento com Deus é fruto daquilo que realizamos e
não da nossa própria atitude intima de comunhão com o Pai e tendo como
resultado a realização das obras como sinal da nossa obediência. Penso que, se
o nosso esforço é tornar as obras visíveis, ao invés de tornar conhecido o
Senhor Jesus, doador de todas as coisas, então ai esta o grande perigo que
podemos incorrer, pois tanto nos enganamos como também acabamos por enganar aos
outros, pois de forma equivocada e dissimulada podemos estar atribuindo a nós
como fonte de Poder Divino e não como
instrumentos usados por Deus.
Vamos aprofundar um pouco mais sobre o assunto
com o vídeo.
Fontes Bibliográficas:
Tillic Paul. Teologia Sistemática. 5ªEd. Sinodal Est, São Leopoldo 2005
JONES L Martyn. Estudos no Sermão do Monte. Fiel.2009.
Tillic Paul. Teologia Sistemática. 5ªEd. Sinodal Est, São Leopoldo 2005
JONES L Martyn. Estudos no Sermão do Monte. Fiel.2009.
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