VOTO DE PROTESTO
Airton Campos
Estão chegando as eleições
municipais e como sempre que se aproxima uma eleição, começa a circular na
internet uma campanha pelo voto nulo ou em branco.
O principal argumento desta campanha
É que se este número for muito grande a votação será anulada e feita outra
eleição.
Isto não é verdade. Para apuração do
resultado da eleição a legislação eleitoral ignora os votos em branco e os
nulos. São considerados apenas os votos válidos. Nos cargos individuais basta
que o candidato seja apenas o mais votado para ser proclamado eleito, não
importando o número de votos, basta mais 1 do que o segundo mais votado.
Em todo o Brasil existem mais de 100
municípios em que há apenas um candidato a prefeito. Ele será eleito com
qualquer número de votos. A preocupação deles é apenas com sua imagem política
se tiverem menos votos do que os brancos e nulos.
Anular o voto ou votar em branco,
por qualquer que seja o motivo, não traz mudança para o processo eleitoral. O
eleitor quando age assim está apenas transferindo para outros o seu direito de
opinar quanto aos dirigentes de sua cidade.
A Lei da Ficha Limpa, de iniciativa
popular, impede a candidatura de políticos condenados por órgão colegiado, ou
que tenham renunciado para evitar a cassação.
Ela está valendo plenamente nesta
eleição, mas há quem insista em permanecer candidato com base em inúmeras
brechas judiciárias.
O povo quer mudanças, mas os
partidos políticos não tem tido cuidado com os candidatos que apresentam. A
moralização tem que começar dentro dos partidos que não se responsabilizam pela
moral de seus candidatos. Lamentamos não dispor de dados que permitam ter um
índice que possibilite conhecer os “fichas sujas” indicados por cada partido.
A Procuradoria Geral Eleitoral já
analisou mais de 750 pedidos de indeferimento de registro de candidatos no
Brasil inteiro, tanto para prefeitos como para vereadores. Na peneira do MP
surgiram 3 estelionatário, 4 traficantes, um estrupador e uma homicida. São 14
mil candidatos que tiveram registro negado pelo tribunais estaduais que estão
recorrendo ao Tribunal Superior Eleitoral.
Os números mostram claramente que os
partidos não fazem uma triagem de seus candidatos. A moralização política tem
que começar pela base, dentro dos partidos.
Ainda está para ser verificado um
dado importante: a reação dos eleitores. Ou seja, quantos deixarão de votar na
turma dos “fichas sujas”. As eleições deste ano serão importantes também para
os partidos. Se a legenda tiver um número considerável de candidatos vetados
pela Justiça Eleitoral, isto não ajudará em nada sua reputação. Partidos com
fama de abrigar um bando de “fichas sujas” podem ter problemas nas urnas
futuras.
Nosso voto para vereador é como se
fosse computado 2 vezes: um para a legenda (partido ou coligação) e outro para
o candidato. O total dos votos válidos, isto é, descontados os brancos e nulos,
é dividido pelo número de vereadores de cada cidade, resultado no quociente
eleitoral que é o número de votos que corresponde a cada vaga de vereador.
O número de votos de cada legenda é
então dividido por este quociente, indicando o número de vereadores que cada um
elegeu. São então considerados como eleitos os candidatos deste partido de
acordo com a ordem do número de votos que cada um obteve. Assim, um candidato
de um partido cujo total de votos da legenda foi muito grande acaba sendo
eleito, mesmo com menos votos do que outro mais votado individualmente, mas
cujo partido teve poucos votos totais na legenda.
É por isso que toda eleição é
povoada de candidatos que recorrem ao esdrúxulo para sobressair no horário
eleitoral. Nenhum partido desperdiça horário na TV. Só põem no ar aqueles que
podem atuar como puxadores de votos. Os partidos estão, a bem da verdade, é
atrás dos votos de protesto. A utilização destes candidatos ridículos é
exatamente atrair os votos de protesto para o partido.
Esta é a mesma estratégia para o
grande número de candidatos de comunidades, sem expressão política. Vão apenas
ajudar, com seus poucos votos, a eleger os políticos profissionais do partido
que sempre vão ter mais votos individuais do que eles.
Os políticos, pródigos em soluções
em horários eleitorais na TV, não costumam perder o sono com o descumprimento
da palavra empenhada. Afinal, para muitos, a política é a arte de enganar.
Transparência, ética, qualificação e competência são qualidades necessárias a
quem vai receber o nosso voto. Além disso, contam com a amnésia coletiva.
Alguns dias depois das eleições não lembramos mais em quem votamos. Anote os
nomes dos candidatos em quem votou e guarde junto ao título de eleitor.
A descaracterização do papel das
câmaras municipais e seus absurdos induzem os cidadãos a tachar este poder como
supérfluo o que é uma perigosa distorção da importância do legislativo.
É preciso tomar a decisão de
escolher com bastante rigor os candidatos em que vamos votar. Para que isto
aconteça basta deixar o comodismo. Não é muito complicado informar-se sobre a
vida pregressa de quem lhe pede o voto. Pode ser um pouco mais complicado em
relação aos candidatos de primeira viagem, mas certamente não é difícil
conhecer os talentos e virtudes dos que tentam se eleger.
Parlamentares que tiveram como
bandeira projetos contrários a preceitos cristãos não devem merecer o nosso
voto.
As eleições municipais são a base de
fortalecimento dos partidos políticos e por isso é importante sabermos também
quais são as bandeiras de luta do partido em que estamos votando em um
candidato.
Se a representação política é ruim,
o eleitor também é responsável.
O voto mais importante nesta eleição
é o de vereador. Ele representa os segmentos sociais que farão as leis que
governarão a cidade.
Nós somos livres para votar em quem
quiser, mas tenha certeza de que somos também responsáveis pela qualidade de
nossa representação no executivo e no legislativo.
Você não pode se omitir. Como
cristão você tem a responsabilidade de implantar o Reino de Deus aqui e agora.
Estamos aqui para fazer a diferença em todos os segmentos da sociedade
O que Jesus ensinou em Mateus 22:21 - "Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus." -
é cumpra suas obrigações como cidadão desta terra e cumpra suas obrigações como
cidadão dos Céus.
Vote como cidadão comprometido com
Deus, com a família, Igreja e com a justiça social.
Complemente esta leitura com o
seguinte texto neste blog: A corrupção e o papel da Igreja como agente profético. Veja neste link:
Ouça "Este país" com Gladir Cabral
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