Por onde anda o amor?

Por Joel Boa Sorte



Éfeso era um dos centros urbanos do Império Romano. Era uma cidade cosmopolita de ricos e pobres, cultos e ignorantes, um centro de falsos cultos e superstições. O templo de Diana, uma das sete maravilhas do mundo, localizava-se ali. Esse santuário funcionava como o banco da Ásia, uma galeria de arte e um refúgio para criminosos; muito da riqueza da cidade derivava da produção e venda de imagens da deusa.
A carta inicia com uma observação positiva:
“Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são e tu os achaste mentirosos; e sofreste e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome e não te cansaste” (Ap 2.2,3).
Quando Paulo fez de Éfeso um centro de evangelismo durante os três anos que ali esteve, a igreja floresceu visivelmente. Depois da libertação de Paulo da prisão, ele provavelmente visitou a cidade outra vez e estabeleceu Timóteo como pastor. João deve ter sucedido Timóteo. Um grupo razoavelmente impressionante de obreiros, não?
A disciplina da igreja prevalecia na igreja de Éfeso. Se alguém falsamente se dizia apóstolo era chamado de mentiroso. Os efésios não aceitariam esses homens; tinham o cuidado de examinar obreiros visitantes para ver se eram autênticos.
Eles também desprezaram os nicolaítas, uma seita que defendia uma vida de satisfação excessiva dos desejos e imoralidade. O amor verdadeiro por Deus envolve uma aversão fervorosa àqueles que falsificam e distorcem a pureza da verdade bíblica.
Parece uma grande igreja, não? Era dinâmica, dedicada, paciente, disciplinada e perspicaz. Mas Jesus viu além da fachada de piedade; a igreja de Éfeso tinha problemas quanto ao amor!
“Tenho, porém, contra ti deixaste o teu primeiro amor” (Ap 2.4).
Que choque ouvi que você não ama mais a Cristo como antes! O amor deve crescer, não definhar. Um comentarista escreveu: “Ter algo contra o amigo ou o irmão pode ser bastante humano... Mas quando é o Senhor que tem algo contra a igreja, é o momento de tremer; e quando essa coisa é a perda do amor a igreja não deveria apenas tremer, deveria cair de joelhos”.
Aqueles efésios (e os “efésios espirituais” de nosso tempo) deixaram de amar a Cristo e um ao outro do modo como um dia amaram.
Ouvimos o mesmo a respeito do casamento. “Eu não o amo mais”, reclama a esposa para o conselheiro. O que houve com a jovem cujo coração batia mais forte quando ouvia o carro dele lá fora? Onde está o homem que costumava trazer flores e dizer a ela como ele teve sorte de encontrá-la? Os casamentos “efésios” perderam a vibração do primeiro amor.
Uma vez feito o diagnóstico, a receita pode ser escrita. Eis os três passos para reavivar o amor:
Primeiro, Lembre-se de como ele era. Reviva a emoção do romance, o desejo de dizer ao mundo como é maravilhoso. Quando vejo lágrimas de alegria nos olhos dos homens, mulheres e crianças que aceitaram a Jesus como Salvador, quando realizo um casamento e vejo a transformação no rosto dos noivos quando olham um para o outro, tenho vontade de tocá-los e dizer: “Amados, não percam o primeiro amor”.
Em segundo lugar, arrependa-se e mude de vida. Faça um voto consciente de restabelecer aquele relacionamento.
Em terceiro lugar, repita “faça as coisas como antes” – aqueles atos de amor, mesmo que você não tenha vontade. Faça isso e as coisas acontecerão.
Fale sobre reavivamento na igreja ou no casamento! Vai ser maravilhoso!
Jesus advertiu a igreja de Éfeso de que ela perderia sua luz e testemunho na comunidade, caso o primeiro amor não fosse reavivado (Ap 2.5). Isso realmente aconteceu muitos anos depois quando Éfeso entrou em decadência. Agora é um lugar inabitado e uma das maiores ruínas da área.
Ao nosso redor, há templos de porta-jóias eclesiásticos, alinhados em rico cetim, coberto de ouro e enterrados no desvanecimento.
Olhando do lado de fora, a igreja de Éfeso parecia uma igreja modelo. No interior, contudo, o amor estava esfriando, as pessoas estavam envolvidas com suas “boas obras”. O período histórico dessa igreja vai do ano 30 ao 100 da era cristã.
Cristo termina todas as cartas às igreja com a mesma conclusão: “Quem tem ouvidos, ouça o que o espírito diz às igrejas” (Ap 2.7).
Somos capazes de ouvir os sinais de advertência de que estamos perdendo o primeiro amor? Onde está a empolgação que experimentamos como novos crentes em Jesus Cristo? Onde está a vibração para a esposa ou o marido que amávamos quando nos casamos? Abusa-se do amor quando ele não é usado.
Em meio à agitação de nossas vidas podemos deixar que nosso relacionamento com Deus enfraqueça. A igreja de Éfeso tem uma mensagem importante para nós: O Senhor deve ter prioridade em nossas vidas.
Fonte: Antes que a noite venha - David Jeremiah



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